segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

QUEM CONTA UM CONTO ... ACRESCENTA UM PONTO

Foi muito significativa a adesão na nossa escola ao concurso promovido pelo semanário SOL e pelo PNL, tendo a selecção do texto para concurso sido bastante difícil. 
O André Filipe Teixeira, do 5º B, ganhou o concurso a nível de escola com este belíssimo texto a continuar o "CRIME DO PADRE AMARO" de Eça de Queirós. Parabéns ao vencedor. 



Quem conta um conto, acrescenta um ponto

“O Crime do Padre Amaro”

- Não admira realmente que sejamos a inveja da Europa! - disse o conde.
Amaro e cónego concordaram.

O conde de Ribamar, cheio de orgulho acrescentou:
-Portugal sendo um país pequeno e com poucos pensadores, pelo menos tem um rei que desenvolveu as estradas e os caminhos-de-ferro. Sempre gostei de D. Luís … – sentou-se no banco ao pé do padre Amaro pensando na vida enquanto esfregava o queixo.
- Ah, mas sua mãe D. Maria II já era muito humanista, sempre gostou de ajudar as pessoas – disse o cónego Dias – e como diz o ditado «quem sai aos seus, não degenera», é por isso que ele acabou com a escravatura e a pena de morte.
- Deus o abençoe  e o conserve – acrescentou o padre Amaro.
- Já para não falar das riquezas das nossas colónias que ajudam a manter todas estas coisas maravilhosas! – exclamou o conde no meio de uma gargalhada.
Levantando-se do banco, padre Amaro deu uma volta e suspirando, disse:
- Realmente vivemos num país espectacular…D. Luís tem sido um homem de visão. Mandou construir o belíssimo Palácio de Cristal no Porto e colocou a cidade no mapa do mundo com a Exposição Internacional. Realmente podemo-nos orgulhar daquilo que temos e não ficamos atrás da França ou da Alemanha!
- Benze-te homem! – respondeu cheio de garra o conde de Ribamar, levantando-se também do banco e dando-lhe uma palmada nas costas – Já viste o que aconteceu em Paris? E se acontecesse cá em Portugal? A nossa sorte é sermos muito pacíficos!
- Lá isso é verdade! Quem tinha razão é aqui o nosso amigo Camões! Ainda vivemos «num jardim à beira mar plantado»! – exclamou padre Amaro apontando para a estátua do poeta.
Olhando para Amaro e o Conde, coçando a cabeça, o cónego Dias levantou-se, pousando o jornal no banco e juntou-se aos colegas, dizendo:
- A verdade é que Napoleão escapou por um triz e o povo falou mais alto. Até formaram um governo à parte e conseguiram estabelecer igualdade entre os homens e as mulheres!
Rindo-se, o conde acrescentou:
- Isso é que devia ser lindo! Aqui a pouco em vez de haver padres em Portugal, passava a haver «padras»! Deus me livre!
- Mas uma coisa que os franceses fizeram e que foi boa foi terem criado pensões para as viúvas e os órfãos. Afinal eu também sei o que passei enquanto órfão – disse Amaro um pouco entristecido.
- Vá, vá Amaro. Águas passadas não moem moinhos. A tua infância não foi das piores, senão não estavas aqui! – consolou o cónego, apertando-lhe o ombro.
Suspirando, abanou a cabeça concordando e deu-lhe um sorriso em resposta. O conde abraçou-os, formando uma roda e olhando para o relógio disse:
- E que tal se fossemos tomar um chá e nos deixássemos destas lamechices?
Rindo, foram embora, deixando para traz o jardim, Camões e o jornal em cima do banco, que alguém que passasse também poderia ler, reflectir e discutir com um amigo as notícias do mundo …

                                                                                André Filipe Gomes Teixeira
                                                                                  Nº 2 – 5º B

Sem comentários:

Boletim - 2ºSemestre-2020/2021

Outubro: Mês Internacional das Bibliotecas Escolares

Este ano, o mês de outubro traz-nos mau tempo, começou o outono e celebra-se o Halloween ... Mas não é disso que queremos falar. Falamos ...